Operadores no Porto de Santos têm prejuízo milionário
Sindamar calcula mais de US$ 4 milhões em custos extras por causa da dificuldade de abastecimento de navios.
O Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar) denuncia dificuldades no abastecimento de navios cargueiros no Porto de Santos que se arrastariam há pelo menos dois anos. A entidade calcula um prejuízo acumulado de mais de US$ 4 milhões e aponta que duas das sete barcaças de operações de bunker (combustível) estão fora de serviço.
Em entrevista para A Tribuna, o diretor executivo do Sindamar, José Roque, afirmou que o problema vem sendo comunicado à Petrobras, à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e à Transpetro desde 2022, por meio de ofícios.
A Reportagem teve acesso aos documentos enviados pelo Sindamar, datados de 11 de abril de 2022 e 31 de julho de 2023, comunicando haver “deficiência dos serviços de abastecimento de navios”.
Em resposta enviada pela Transpetro ao sindicato, em 30 de agosto de 2023, a subsidiária logística da Petrobras informa a intenção de se buscar um entendimento com o Sindamar para um “alinhamento de melhorias nas operações de bunker no Litoral Paulista”.
“Segundo relatado exaustivamente por nossas agências marítimas associadas, são constantes as dificuldades no abastecimento de navios, com consequentes atrasos na saída das embarcações e, por vezes, cancelamentos de atracações, seja por falta de combustível ou de barcaças suficientes para atendimento ao abastecimento de navios”, diz José Roque.
Ele explicou que sete barcaças gerenciadas pela Transpetro são utilizadas nas operações de bunker no Porto de Santos, mas, na semana passada, duas estavam fora de serviço para manutenção e sem previsão de retorno.
Roque explicou ainda sobre o papel do sindicato na busca por soluções. “Embora a maioria dos contratos de abastecimentos de navios seja fechado no exterior, por meio de brokers (profissionais que fazem a intermediação no fretamento de navios), incumbe ao agente marítimo, na ponta final da cadeia de consumo, observar, supervisionar e representar o navio por ocasião desse abastecimento”.
Segundo o representante das agências marítimas, os valores dos prejuízos ultrapassam US$ 4 milhões de dólares, considerando desvios de rotas – que são escalas em outros portos somente para abastecimento – atrasos no abastecimento e mudança de berço em Santos, redução de tonelagem fornecida, despesas adicionais com infraestrutura portuária, rebocadores, praticagem, entre outros.
Roque afirma que o custo diário de um navio pode variar de US$ 25 mil a US$ 100 mil a depender do tipo de embarcação e da carga e que os custos adicionais, devido à dificuldade de abastecimento, variam de US$$ 50 mil a US$ 80 mil.
“O custo de um navio do tipo tramp, que descarrega ou embarca commodities varia de US$ 35 mil a US$ 45 mil por dia, mais o custo do combustível. Para não perder a atracação em um próximo porto, o navio aumenta a velocidade, o que chamamos de ‘full speed’, queimando três vezes mais combustível do que em uma navegação normal. Esse procedimento se iguala ao navio de contêiner com custo diário de US$ 80 a US$ 100 mil”, exemplificou o diretor executivo do Sindamar.
Procurada, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou em nota que “mantém o monitoramento constante das condições de abastecimento de combustíveis e, nos últimos dias, a agência não recebeu quaisquer informações de indisponibilidade de produto à comercialização. A ANP está entrando em contato com os fornecedores e, caso seja necessário, entrará em contato também com o operador (Transpetro)”.
A Petrobras se pronunciou em nota: “A Petrobras esclarece que enfrentou restrição temporária em parte da sua capacidade logística de entrega de combustíveis marítimos (‘bunker’) no Porto de Santos, devido a dois rebocadores que apresentaram problemas mecânicos. Porém, os problemas já foram resolvidos e os rebocadores retornaram à operação. Esses rebocadores são responsáveis pela movimentação de duas barcaças que compõem parcialmente a frota que fornece combustível aos navios na região portuária de Santos”.
Fonte: Jornal A Tribuna