Portos Rio espera R$ 2,5 bi em investimentos para seis áreas

Projeto integra novos terminais no Rio e Itaguaí, além da expansão dos ramais ferroviários.


Porto de Itaguaí

A Companhia Docas do Rio de Janeiro – PortosRio – é a autoridade portuária responsável pela gestão dos portos públicos do Estado que compreende os terminais do Rio de Janeiro, Itaguaí, Niterói e Angra dos Reis. A empresa projeta que as seis áreas a serem licitadas nos portos do Rio e Itaguaí devam gerar investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões.

“As áreas a serem licitadas nos portos do Rio e Itaguaí envolvem também a expansão dos ramais ferroviários. Entre elas, merece destaque uma área dedicada a um novo terminal de minérios em Itaguaí. O conjunto de novos terminais totalizará investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões, com geração de centenas de empregos na região”, afirma Francisco Martins, diretor presidente da PortosRio.

De acordo com o executivo, a área a ser arrendada no Porto de Itaguaí envolve o espaço entre as operações da Vale e da CSN. “Esse projeto consolidará Itaguaí como o maior porto publico exportador de minério de ferro do Brasil, além de robustecer o caixa e a capacidade de investimento da PortosRio.” Martins acredita que o investimento privado no porto receberá “mais de R$ 2 bilhões em CAPEX, com um terminal moderno e eficiente, construído e operado em harmonia com o meio ambiente”.

Inaugurado em 1982, o Porto de Itaguaí, além de se destacar como um dos principais pólos de exportação de minério do País, tem mostrado aptidão para movimentação de granéis e carga em geral, graças aos efeitos do parque siderúrgico e as condições locais de integração aos modais de transporte rodoviário e ferroviário. “Itaguaí movimenta principalmente minério de ferro por meio dos terminais da Vale e da CSN. Além disso, conta com um terminal de contêineres muito bem equipado e com perspectivas de ampliação dos volumes e tipologias de cargas”, assinala Martins. Figuram nos planos de desenvolvimento do porto a instalação de novos terminais de carga, descarga e tancagem de granéis sólidos e líquidos.

O grande trunfo do Porto de Itaguaí é que se trata do último atracadouro ao sul do Brasil antes dos contrafortes da Serra do Mar, o que constitui uma barreira significativa à distribuição das cargas para o interior, configurando, assim, um trecho da costa brasileira cuja estratégia é de ordem natural e político-econômica.

Itaguaí possui cais acostável com 2.200 m de extensão, oito berços de atracação e profundidade variando de 13,5 a 18,1 m (calado com variação de 14,5 a 18,5 m). Ele tem capacidade para movimentação de 3,5 milhões de toneladas. Já a capacidade de movimentação de contêineres atinge 13 mil TEUs. Atualmente, o porto conta os terminais Sepetiba Tecon, CSN, Companhia Portuária Baía de Sepetiba (CPBS) e Valesul Alumínio.

Entre as empresas que atracam no porto, estão Maersk, Hamburg Sud, MSC, Aliança, Login, CSAV, Libra, CMA CGM e Hapag Lloyd.

Além dos investimentos em Itaguaí, a PortosRios vai concluir, em 2024, a dragagem do cais da Gamboa, no Rio de Janeiro, e o chamado canal do 366 que permitirá a atracação de navios de contêineres de maior porte. “Além disso reforçaremos e modernizaremos mais de mil metros do cais da Gamboa. Essas obras contam com recursos do PAC, traduzindo o compromisso do governo federal no aumento da capacidade e eficiência dos portos do Rio de Janeiro”, frisa Martins.

Apesar da limitação física – por estar espremido entre o mar e a cidade totalmente adensada no seu entorno –, o Porto do Rio tem projetos de ampliação para melhorar sua eficiência. Um dos planos é aumentar a retroárea com a construção de uma estrutura sobre o espelho da Baía de Guanabara. Caso o projeto vá para frente – há implicações ambientais a serem equacionadas –, será possível quintuplicar a retroárea do porto. “Em breve estaremos iniciando estudos sobre a possibilidade de ampliação, em que a harmonia com a cidade é um dos principais requisitos”, diz Martins.

O executivo destaca que o Porto do Rio é extremamente importante no cenário logístico nacional, com grande diversidade de cargas movimentadas, desde contêineres até veículos, passando por trigo, gusa e conta com um excelente terminal de cruzeiros. “Ainda em 2024 executaremos um conjunto de obras de infraestrutura, como dragagens e reforços do cais que permitirão a atração de cargueiros maiores, com maior eficiência. Também neste ano estaremos lançando novos arrendamentos”, salienta.

Os primeiros passos para a consolidação do Porto do Rio surgiram na década de 1870, com a construção da Doca da Alfândega. Até então, o porto funcionava em instalações dispersas, compreendendo os trapiches da Estrada de Ferro Central do Brasil, da Ilha dos Ferreiros, da Enseada de São Cristóvão, da Praça Mauá, além dos cais Dom Pedro II, da Saúde, do Moinho Inglês e da Gamboa. Após fazer parcerias com várias empresas, o porto foi oficialmente inaugurado julho de 1910, naquele ano administrado por Demart & Cia.

Atualmente, sua área operacional é de 1 milhão de m², com cais acostável de 6,7 km de extensão e 31 berços. A profundidade varia de 10 a 15 metros e possui 15 pátios abertos e 18 armazéns. Entre as cargas que passam pelo porto estão: carga geral, contêineres, produtos siderúrgicos, trigo, concentrado de zinco, ferro gusa, cargas de apoio offshore, além de diversos granéis sólidos e líquidos.

Parte do Porto do Rio está arrendada para o Píer Mauá, empresa que administra os navios de cruzeiro que atracam na capital. Há planos para que as duas empresas formem uma parceria que permita a PortosRio ter um espaço a mais do cais público durante os seis meses de baixa temporada de cruzeiros.

De acordo com o diretor presidente, a meta é criar um ambiente de negócios atraente, de forma que os portos do Rio, em geral, entrem na rota de possíveis terminais concentradores de carga, visando o aumento das receitas. Ao mesmo tempo, a estatal foca na resolução de passivos trabalhistas e outras dívidas que se arrastam há anos. Entre eles, estão cerca de 1.200 ações trabalhistas cujo montante supera R$ 200 milhões e uma dívida total na casa de R$ 1 bilhão.

Segundo Martins, a PortosRio é uma empresa publica com superávit operacional, porém com passivos importantes que estão sendo resolvidos de forma acelerada. “Estamos muito otimistas com os desafios que enfrentaremos em 2024. Nosso faturamento anual é da ordem de R$ 900 milhões, com uma movimentação de 70 milhões de toneladas, a grande maioria granéis sólidos como o minério de ferro exportado por Itaguaí”.

Fonte: Revista O Empreiteiro

Redação

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