Evento aborda o agronegócio brasileiro na mira dos investidores

Especialista explica sobre a confiança dos investidores na agricultura e pecuária e ressalta que aposta na tecnologia, aumento de produtividade e preocupação com sustentabilidade alavancam o setor.


Considerado um dos setores mais importantes da economia brasileira, o agronegócio é uma atividade que tem ajudado a alavancar o país. De acordo com um relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, feito em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agro representou 27,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado.

Além de corresponder a mais de um quarto de todos os bens e serviços produzidos por aqui, os produtores agrícolas e da pecuária são essenciais também fora das fronteiras nacionais. Um estudo dos pesquisadores Elisio Contini e Adalberto Aragão, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa, mostrou que o agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas ao redor do mundo.

O desempenho do agronegócio brasileiro também é refletido em questões como o impressionante aumento de 400% na produtividade, entre os anos 1975 e 2020, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Todos esses resultados estão sendo alcançados principalmente por causa da aposta em tecnologia e inovação, além do trabalho duro das mulheres e homens do campo. O Brasil é vanguardista no agronegócio porque busca adotar as melhores práticas e aposta em ferramentas de ponta”, defende Jennifer Chen, especialista em conexões entre grandes empresas e investidores e CEO da JC Capital, companhia que atua no mercado nacional e internacional através da captação de recursos.

Ela afirma que a competitividade do produto brasileiro também é fruto do empreendedorismo e aposta em ciência. O trabalho realizado por pesquisadores espalhados por universidades do país todo e fomentado por entidades como a CNA e Embrapa e tantas outras permite ainda a criação de um excelente ambiente de negócios.

O cenário é propício não só para investimentos nacionais e estrangeiros, mas também para o surgimento de novas empresas.

A explosão das agtechs

Chen afirma que a inovação está no sangue dos brasileiros. Como muitas vezes os ambientes político e econômico não são os ideais, os empreendedores conseguem encontrar soluções para tornar mais eficientes os próprios negócios.

A “explosão” no número de agtechs mostra como o agronegócio é pujante na criação de novas soluções para dinamizar o setor. De acordo com o Radar Agtech 2020/2021, o país tem mais de 1,5 mil startups do agro em funcionamento, o que indica um crescimento de 40% na comparação com 2019.

Neste universo de empresas, estão companhias que atuam com armazenamento, sensoriamento remoto, desenvolvimento e operação de máquinas como drones, gestão de propriedade rural e muito mais.

“A transformação do campo é visível e indica como agricultores e pecuaristas se preocupam não só com a digitalização, mas também com a eficiência das atividades. Essa visão é importante e vem aliada com uma preocupação com a sustentabilidade social, ambiental e econômica”, diz Chen.

Investimentos no agro

Todo esse aperfeiçoamento da atividade agropecuária no Brasil tem transformado o setor em um verdadeiro celeiro de investimentos. De acordo com relatório da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o país recebeu no ano passado US$ 50,3 bilhões em aporte estrangeiro, o que representou uma alta de 78% na comparação com 2020. A Unctad mostrou que parte desse dinheiro foi para o agronegócio.

Citando a questão interna, Chen lembra que a agricultura e pecuária também estão no radar de investidores e bancos de fomento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinou em 2021 uma quantia de R$ 18 bilhões aos produtores rurais, valor que representou 26% de todo o recurso da entidade. Para se ter uma ideia, em 2009 o agro recebia apenas 9% dos recursos do BNDES.

“Esses números são relevantes porque mostram a confiança que o agronegócio passa ao mercado. Ele é um setor da economia que dá retorno mesmo em cenários de instabilidade, como foi a pandemia. O mesmo aconteceu após a Guerra da Ucrânia, que apesar de afetar os produtores brasileiros, principalmente por causa dos fertilizantes, foi quando houve um trabalho ainda maior para garantir a segurança alimentar global”, diz.

Chen abordará, inclusive, sobre investimentos no agronegócio e outros temas no Agro Tech – Perspectivas para o agronegócio no Brasil, que será realizado em 29 de novembro, no Espaço de eventos do Ibrawork, em São Paulo (SP). Chen, que também é co-curadora do evento, será uma das palestrantes do Painel 2 – Estratégias para investimento em startups do Agro.

Ela carrega a bagagem de ser uma das poucas mulheres atuantes no mercado de conexões entre empresas e investidores no país e levará ao Agro Tech um pouco da expertise da JC Capital sobre o tema captação de recursos.

Serviço

Evento: Agro Tech | Perspectivas do Agronegócio no Brasil;

Dia: 29 de Novembro;

Horário: 15h;

Local: Espaço de eventos do Ibrawork;

Endereço: Rua Augusta, 1917, 6º Andar, Cerqueira César, São Paulo – SP.

Redação

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