Private Equity: Como preparar sua empresa para um investimento
Além do balanço financeiro, identificar e reter talentos, ter bons líderes e implementar um conselho consultivo, são alguns dos passos importantes para aumentar o valor da companhia.
O número de empresas não para de crescer. E em algum momento da jornada, receber investimentos é crucial para seguir sua trajetória de expansão. Esses aportes podem vir de diversos caminhos — seja por fundos de private equity, via investidores anjo, entrada de novos sócios, entre tantas alternativas.
A pergunta é: sua empresa está pronta para receber esse investimento? Para Alexandre Zuvela, sócio da EXEC, especializada em Executive Search, Leadership Advisory e Board Services, além da saúde da sua estrutura financeira, as pessoas são um ativo essencial dessa radiografia. “Além da área financeira, outros setores sensíveis da companhia também serão analisados, incluindo as pessoas”.
Para o especialista, desta forma, ter um bom profissional à frente de suas principais áreas é fundamental para embasar essa análise. “Para receber investimentos, uma empresa passa por um processo de auditoria externa e ter as pessoas certas, com a senioridade correta e nas posições chave, aumenta o valor da companhia”, explica.
Como se preparar para esse momento?
Com vários anos de experiência no mercado, Zuvela traz quatro pontos importantes, principalmente sob o ponto de vista de pessoas, para as empresas se prepararem para receber investimentos.
Estruturar o lado financeiro da companhia. O balanço de resultados é um dos principais instrumentos que atestam os números e apontam se uma companhia está saudável ou não. “Estar com processos, impostos e números bem mapeados e detalhados é fundamental para traduzir o valor de uma empresa em um processo de negociação”, explica o sócio da EXEC.
Além da área financeira, outros setores importantes para o andamento da companhia serão auditados pelos futuros investidores. “Por isso é importante ter um bom profissional à frente de suas principais áreas”, ressalta.
Muitas companhias, com apenas um dono ou que possuem capital fechado, acabam não colocando esses números no papel, não tendo de uma forma estruturada os seus números e suas políticas atualizadas.
Identificar os principais talentos da companhia e o potencial de cada um deles. Para Zuvela, os talentos são um ponto essencial na hora da negociação, uma vez que identifica suas fortalezas e oportunidades de desenvolvimento interno. “Se eu sei quais pessoas fazem a diferença na empresa é possível estar mais bem preparado para negociações externas”.
A importância da retenção e remuneração de talentos. A aquisição de talentos atualmente é algo desafiador junto ao mercado, segundo o sócio da EXEC. “Entender se os profissionais e principais talentos da empresa estão sendo remunerados de acordo com o mercado e se os instrumentos de remuneração estão adequados para esse momento de transição da chegada de um novo sócio é essencial para que a operação não perca o seu valor”, ressalta.
Para Zuvela, esses pontos são de fundamental importância para o atingimento dos resultados e metas da empresa, normalmente projetados nos valores de venda a serem atingidos no médio e longo prazos. “Todo processo de venda, aquisição ou injeção de investimentos tem ajustes. Normalmente, o valor não entra em sua totalidade em um primeiro momento, cabendo ajustes e pagamentos futuros. Sendo assim, para não se perder o valor da transação, é preciso criar um plano de retenção desses talentos”.
Estruturar um Conselho Consultivo. De acordo com o especialista da EXEC, o mercado tem lançado mão de um instrumento para auxiliar a gestão de uma empresa, que é a criação de um Conselho Consultivo, que apoia o líder — ou líderes — nas suas principais decisões relacionadas à estratégia do seu negócio, sua estrutura e crescimento.
“Temos visto o aumento da frequência da criação de conselhos consultivos, nos quais os membros discutem os principais pontos de dúvida e compartilham o seu conhecimento anterior como executivos e executivas que, em geral, passaram por situações similares às quais a empresa está vivendo ou projeta que acontecerá em breve”, reforça Zuvela.
O especialista faz algumas recomendações sobre como melhor estruturar esse corpo de profissionais. “Temos sempre que observar aquilo que complementa os conhecimentos sólidos da organização, ou seja, escolher conselheiros com experiências diversas, ou que passaram por processos similares em outros setores. É pensar sempre em algo que traz uma visão bastante complementar e inovadora para ajudar nos processos da companhia”.
Zuvela pontua ainda que muitas vezes os conselhos são constituídos por amigos ou conhecidos dos seus controladores, os quais nem sempre são executivos com experiências e com um mínimo de alinhamento com as necessidades estratégicas da empresa, para fazer parte de um conselho consultivo e isso pode ser um risco para o negócio, ressalta.
Para o especialista, ter a empresa pronta para receber investimentos, seja por private equity, entrada de um sócio, entre outras formas, só vai fazer com que ela consiga mirar um futuro mais promissor e estar pronta para quando esse momento de alçar voos mais altos chegar.