DP World estuda rotas de expansão no Brasil

Presidente da companhia no Brasil, Fábio Siccherino fala sobre as oportunidades no Porto de Santos.


A DP World estuda ampliar suas operações no Brasil. A rota de crescimento ainda está em análise, mas já há alguns caminhos sendo estudados, segundo o presidente da companhia no Brasil, Fabio Siccherino.

Uma possibilidade em avaliação é expandir o terminal de contêineres em Santos. A ideia seria aumentar a capacidade, hoje de 1,2 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), para 1,6 milhões de TEUs – e, eventualmente, em uma etapa seguinte, para até 2 milhões de TEUs. “É um projeto que está em discussão. Até o fim do ano deverá haver uma definição”, disse. Caso o sinal verde seja dado para a ampliação, as obras levariam 18 meses.

Segundo o executivo, a companhia tem monitorado as projeções de crescimento de demanda e os projetos de expansão de capacidade de outros terminais no porto, para dimensionar a hora certa de fazer o investimento.

“Nosso entendimento é que está em um momento adequado [para iniciar a expansão]. O que não podemos deixar acontecer é que a demanda no porto que não seja atendida e migre para outro porto. Avaliamos que este é um bom momento para investir”, diz.

Grupo sediado em Dubai segue interessado em investir no país e busca oportunidades para além do Porto de Santos

A DP World, uma gigante global no setor portuário sediada em Dubai, está presente desde 2013 em Santos, com um Terminal de Uso Privado (TUP) na margem esquerda do porto, onde opera contêineres e, mais recentemente, celulose. Esta nova operação, feita em parceria com a Suzano, é fruto de uma estratégia de diversificação do negócio, que poderá se estender a outros tipos de carga.

Um segundo caminho de crescimento no radar é tirar do papel um terminal de grãos em Santos. A empresa chegou a firmar, em novembro de 2020, memorando de entendimentos com a Rumo para estudar a implantação do projeto em parceria. No entanto, o acordo acabou não seguindo em frente.

Agora, a empresa tenta retomar a iniciativa com outros parceiros, como produtores e tradings do agronegócio.

“Estamos consultando o mercado e nos mobilizando novamente. O agronegócio cresce no Brasil, existe falta de capacidade instalada no porto de Santos para atender essa demanda e temos um ativo bem posicionado para isso”, afirma Siccherino.

Uma terceira rota de desenvolvimento da companhia, que já está em curso, é a logística de porta a porta. Trata-se de uma estratégia global da DP World, que vê o negócio como principal motor de crescimento no futuro.

“É um processo de transformação do negócio, no qual o grupo deixa de ser apenas um operador para ser um grande ‘player’ de logística. Aqui no Brasil criamos a empresa desde o zero e estamos crescendo organicamente”, afirma. Hoje, esse braço ainda tem um peso pequeno na operação brasileira. “Quando começamos a dar peso ao negócio veio a pandemia e todos os problemas logísticos. Agora estamos firmando acordos com os armadores para garantir espaço nos navios, então deve haver um crescimento.”

Em 2021, a DP World Santos registrou receita líquida de R$ 551,5 milhões, aumento de 35% na comparação com o ano anterior. No entanto, o terminal ainda teve prejuízo de R$ 178,5 milhões, contra resultado negativo de R$ 389 milhões em 2020.

O problema da companhia é financeiro, já que grande parte do endividamento é em dólares. A dívida líquida encerrou o último ano em R$ 2,95 bilhões, alta anual de 6,7%. Em 2017, quando o grupo comprou a fatia que era da Odebrecht no negócio (então chamado Embraport), foi feita uma reestruturação da dívida. Porém, a situação difícil persiste.

Para o presidente, a expectativa é que os resultados de 2022 apresentem avanço maior e que possa haver uma “virada de mesa” para a companhia.

A visão de longo prazo do grupo para o Brasil segue positiva, segundo Siccherino. Há, inclusive, interesse em expandir a atuação para além do Porto de Santos, em outros locais do país.

“O Brasil tem muitas oportunidades, por mais que tenha seus problemas, algumas questões de insegurança jurídica que persistem, é um mercado gigante. Sou cobrado pelo grupo para encontrar oportunidades para crescer mais no país. Algumas delas estão em análise, sempre que se anuncia uma licitação temos olhado. Não só de contêineres, por exemplo, de grãos também. Ainda não aconteceu um encaixe, mas está no radar do grupo.”

Um projeto que a DP World certamente irá avaliar é a desestatização da Santos Port Authority (SPA), que administra o porto.

“Temos olhado, a companhia tem experiências [semelhantes] fora do Brasil. Mas o posicionamento vai depender do formato final, as condições da licitação, que ainda não saíram”, afirma.

Fonte: Valor Econômico

Redação

A revista digital Porto Nosso é movida por quem vive o mundo fascinante da Logística e Comércio Exterior, com o propósito de trazer informações e análises detalhadas para profissionais e empresas.